Era um sonho, não desde que nasci, não foi um sonho que nasceu comigo. Mas foi um sonho que nasceu aos onze anos quando entrei numa academia de dança contemporanêa. Olhava para os outros e via que tinham muita mais experiência que eu, sempre pensei nunca conseguir chegar ao nivel deles, sempre pensei que nunca ia conseguir chegar ao fim. E não consegui chegar, mas as razões foram diferentes. Foram cinco anos de esforço, cinco anos de luta pelo que sonhava. Até que todos se viraram contra mim, num dia diziam que eu podia ser uma das melhores bailarinas, no outro já diziam que eu não valia nada, que não ia longe. Tive cinco anos a lutar pelo que queria e em meio ano conseguiram destruir o meu sonho. As humilhações aumentavam, os gritos tornaram-se insuportaveis e todas as lágrimas que corriam pela minha cara, incondicionalmente, já não se aguentavam. Todos os dias, quando acordava, sentia um aperto no coração e a vontade de me levantar daquela cama, que já não parecia a minha, diminua a cada grito daquelas mulheres que ecoava nos meus ouvidos.
Já não dormia, já não comia, chorava e chorava e implorava que me tirassem de lá. Conversas e mais conversas, lágrimas e mais desespero e aquele inferno continuava a presentear os meus dias. Até que um dia, gritei "CHEGA! JÁ NÃO AGUENTO MAIS." E aí sim saí da academia e continuei em frente. Acordava sempre com a sensação do amanhã ser melhor. Eles quase que destruiram o meu sonho, até ao dia que soube que uma outra escola, fora da minha cidade, ia abrir com o mesmo curso, aquilo que eu mais sonhava. Hoje, a minha vida mudou e o meu sonho vai-se realizar. Vou subir aos palcos mais uma vez, sentir todo aquele nervosismo, ouvir os aplausos do publico (…). Quando sair de lá, vou receber flores e ouvir dos meus pais e amigos "estiveste muito bem". Obrigado por me ajudarem a lutar pelo meu sonho. Porque afinal, eu sempre gostei de dançar.