Dei por mim , fechada no quarto às escuras. Naquela escuridão , questionei-me sobre o mais ridículo , mandei tudo ao chão e no silêncio da minha inocência , apaguei memórias que por momentos dizia serem inesquecíveis. Será que as apaguei mesmo ou que só omiti mais uma das duras verdades?
O jogo mal tinha começado , já eu estava a desistir. As minhas mãos ainda não tinham feito o sinal , já o meu coração estava a recusar aquela oferta de ajuda.
O sangue que me percorre o corpo , não é favorável e parece que todas as minhas veias o recusam. A dor que insiste em permanecer , a cada dia que passa , torna-se mais insuportável e já não tenho forças para aguentar.
Os dias são agora meros dias e as memórias que ainda tento guardar , apagam-se.
Todos os dias grito por socorro , mas a minha fraca voz impede que alguém o ouça e eu volto a cair na lama e a sujar a pouca roupa que me resta neste corpo que se desfaz a cada palavra dita pelo inimigos . Sem forças para voltar a limpá-la , sem forças para me levantar daquela lama suja e fria , deixo-me ali ficar sem uma única palavra ser pronunciada.
Ali fiquei e continuo a estar . A força esgotou , a voz fracassou e os olhos de dor acabaram de se fechar , para sempre.

Bateu alguém na porta , vacilei não quis abrir.
Pensei que fosse a saudade que me viesse perseguir.
Bateu de novo com força , mas depois desistiu.
Desceu as escadas em silêncio e para sempre partiu.
Partiu , deixando estas palavras fatais:
" Eu sou a felicidade e não voltarei mais. "