Hoje estava eu, deitada no sofá a passar os canais da televisão e lá longe ouvi um telemóvel tocar. Fui a correr e era o meu…
- Número desconhecido? Quem será? – atendi na ideia de ser um daqueles miúdos estúpidos que ligam para gozar.
- Boa tarde! Daqui fala da escola de Alcobaça, queria falar com a Cláudia.
Depois de uma longa conversa, palavra puxa palavra, perguntas e respostas. Perguntam:
- Ainda está interessada?
Respondo que sim e espero que continuem…
- Terá então de vir fazer uma inscrição à escola, porque o curso para que fez a pré-inscrição vai abrir. – disse aquela senhora de voz fina e delicada.
- Está bem, obrigada. – respondi e de seguida desliguei e fiquei estática, sem qualquer reacção.
O que é que é suposto sentir? Alegria por seguir aquilo que quero ou tristeza por deixar tudo para trás?
A minha boca esboçou um sorriso e eu senti uma certa alegria interior. Mas agora penso, não quero abandonar os meus amigos, não quero substitui-los por nada. Vou estar lá longe, e quando eles precisarem de mim? Quando eles precisarem da minha mão para se levantar? Eu não vou cá estar para lhes dar, não vou cá estar para sussurrar-lhes ao ouvido que os amo.
Todos os nossos momentos, todas as aventuras que só eu e eles sabemos, onde vão ficar no meio de tudo isto? E se me trocarem? E se mesmo sem intenção eu os trocar?
Tantas questões e ninguém me consegue responder.
Desculpem por vos abandonar, eu juro que sempre que puder, vou cá estar, vou ter convosco.
Desculpem deixar-vos! Desculpem!
Vejam também o meu lado, vejam também que poderá ser melhor para mim.
A partir de hoje, vou viver cada dia como se fosse o ultimo. Vou-vos dar tudo o que tenho e o que não tenho. Posso ir embora, mas vocês nunca vão sair de mim. Eu amo-vos como nunca amei ninguém, amigos.
Olhei em volta e pensei que devia pedir desculpa por tudo o que fiz, por todos os erros que cometi, por todas as vezes que vos culpei sem razão. Desculpem se algum dia vos fiz mal, não era intenção.
Vou para longe, mas vocês estarão sempre comigo. Guardo-vos como ouro.
Até ao fim! *