Não há palavras capazes de descrever cada dia que passo. Cada dia que passa, torna-se mais difícil olhar em frente. Tenho medo de cada passo que dou, tenho o coração entre as mãos e está tão frágil quanto um copo de vidro. E tal como um copo de vidro, quando cai e se une todos os pedaços não fica perfeito como estava de origem, o coração é igual. Todos os dias acordo com a sensação de vazio, acordo com a lágrima do olho direito a competir com a do olho esquerdo, para verem quem chega mais depressa à minha boca. Chegam as duas ao mesmo tempo e logo outras fazem a mesma competição. Dou por mim com papéis escritos e machucados atrás das costas e as lágrimas, já incontroláveis, continuam a correr pela minha cara. Continuo com a esperança de um dia melhor e conto todos os passos que dou até à escola. Tropeço entre os meus pés e caio, ninguém viu, passei a ser indiferente a todos os que têm olhos, e esmaguei o coração que continuava preso às minhas pequenas mãos frias. Tentei sorrir, mas ninguém ia ver, de que me ia servir? Procurei um caminho melhor e não encontrei ninguém. É isso, estava ali, sozinha, sem ninguém a dar-me a mão. Esta minha mão que não pára de escrever, estas letras que estão a trair o meu coração, puseram um ponto final e acabei a escrita. Agora fiquei sozinha, a chorar e com as poucas forças que me restam a resistir a todas as tempestades.