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Pequenos violinos

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26092010

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Falta-me um tudo. Um tudo tão vazio como um nada, ou tudo tão preenchido como o recheio de uma vermelha maçã colhida pelas mãos de um agricultor. Falta-me um vazio, um preenchido, falta-me o sombrio e o estremecido. Falta-me tanto. Quando cerro as mãos, vejo o que ainda tenho para agarrar, os lábios descolam-se por momentos, fecho os olhos num descuido momentâneo e suspiro, profundamente, levemente, contraio-me e descontraio-me. Quando olho a lareira e vejo que está quase a apagar-se falta-me lá ir, sujo as mãos de carvão, mas ela continua a arder. O mal de muita gente é que não quer sujar as suas mãos, nem com a terra, nem com a chuva, nem com o simples ar e desistem. Desistem de conquistar, de tentar, de continuar. Desistem de respirar, muitas vezes com porquê, outras vezes, sem razão. As pessoas nunca passam da meta, cravam sempre aquele limite. Mas eu quero ir a passo, depois desse limite, quero subir a colina e saber que dei tudo para ultrapassar os meus ideais. Todos temos amores, que são como delicados violinos nas ruas da cidade, embalam, comovem e sem eles, sei lá, não seria a mesma coisa. Mas o nosso erro, é fazermos com que tudo gire à volta dele, já não vemos o cheiro das castanhas, não vemos os malabaristas, não vemos os teatros que se fazem, as exposições, as comédias, os romances e os terrores, só queremos saber dos delicados violinos. Somos capazes de tirar a nossa própria gabardina do corpo, fechar o nosso próprio guarda-chuva e não beber o chocolate quente. Vamos atrás daquele som e abrigamo-lo, cobrimo-lo e damos-lhe a quentura de um sabor doce. Apaixonamo-nos e vamos a correr atrás deles, deixamos tudo para trás, as mãos estão abertas. Largamos os sonhos, largamos as ideias, largamo-nos no banco da avenida onde os ouvimos a primeira vez. Quando nos olhamos ao espelho já não importa se estamos bem para nós ou não, importa-nos somente ser a melodia exacta para entrar naquela orquestra. Podemos ter sucesso ou não, mas é bom que tenhamos sempre a mão esquerda cerrada junto ao coração, sonhar e ter ideais, atingir as metas e andar a passos mais além e termos sempre o nosso guarda-chuva, a nossa gabardina e a nossa quentura connosco. Quando damos tudo por alguém, por alguma coisa e abandonamos tudo o que sempre nos acompanhou, há-de chegar a altura que vai ser preciso caminhar sozinho e ter um pulso cerrado e nós desaprendemos isso no momento que seguimos, perseguimos e dependemos de pequenos violinos...
' cláuu.
' cláuu.
Fuga Forever
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Feminino Idade : 29

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