Gemma Arterton «Sempre achei que não era material para ser uma princesa da Disney»

Sem papas na língua, de riso fácil, bela, divertida e enérgica, a actriz inglesa que já foi Bond Girl mostra semelhanças com a sua personagem, uma princesa, no novo filme de Príncipe da Pérsia - estreia amanhã. Gemma fala-nos dos desafios de Marrocos e da química com Jake Gyllenhaal.

[João Tomé, em Londres]

Como se compara com a sua personagem?

Sou uma espécie de maria-rapaz, em alguns aspectos, porque me junto muito aos rapazes e brinco com eles e não sou muito feminina, embora goste de roupas. Somos ambas muito enérgicas e eu também gosto de dizer o que penso, às vezes em demasia (risos). O maior desafio foi ser espiritual, que eu não sou muito, e também não sou graciosa. A parte de andar de forma elegante, lembro-me do Mike [Newell, o realizador] me ter pedido «Tens de ser elegante, como uma princesa.» Fartei-me de tropeçar em coisas e em pessoas e ficava irritada comigo própria porque era suposto ser uma princesa e não conseguia (risos).

O Ben Kingsley disse-nos que tem uma intensidade espiritual na forma como encara a profissão…
Acho que ele tem razão, fico contente por ter dito isso. Não sou espiritual no sentido religioso, mas a actuar coloco todo o meu coração.

As cenas com Jake, às vezes, parecem uma dança. Nota-se química. Treinaram juntos?
Tivemos o luxo de ensaiar antes do filme. E acho que isso tem a ver com o facto de Mike Newell dar muito valor à relação entre protagonistas e com o facto de ter um contexto teatral. Não ensaiamos propriamente as cenas, mas conhecemo-nos, conhecemos as personagens, isso foi o principal. Estabelecer relações convincentes. Especialmente comigo e o Jake houve de início uma relação muito fácil, metíamo-nos um com o outro com muito à-vontade, tal como as personagens. E isso transpirou para o trabalho e essa química que se vê tem muito a ver com esse tempo que tivemos. Muitas vezes, na rodagem do filme conhecemos o tipo que vamos beijar na maquilhagem antes dessa cena. Foi divertido e foi como um jogo, entre os dois. A aposta em nós resultou. O Mike disse-me que queria o Jake e eu achei brilhante, porque não se ia ter apenas o estilo bla bla bla de mera cara conhecida, que normalmente entra nestes filmes, íamos ter um actor brilhante. Houve uma preocupação do Mike e do Jerry Bruckheimer para que este jogo fosse um bom filme, tínhamos de ter um bom elenco. O Jake, o Ben Kingsley, o Alfred Molina, e todos os outros, gente com background de teatro. Para mim foi óptimo ter um elenco brilhante.

Deslumbrou-se na rodagem?
Nem por isso, a música é a minha paixão. E mesmo no teatro, mesmo sendo a minha grande paixão, os músicos são mais estrelas para mim. É a música que me deslumbra. Ainda no outro dia fiquei em êxtase por ver o vocalista dos Sigur Rós.

Os seus feitos num espaço curto de tempo são fantásticos. Não se imaginava num filme da Disney?
Não, não sou nenhuma princesa. É cómico, não é? É muito bom para mim poder dizer «Sou a nova princesa da Disney, sabiam?» (Risos). E adoro. É divertido porque sempre achei que não era material para ser uma princesa da Disney. Agora fui mesmo uma!